O que é epicondilite?
A epicondilite é uma tendinopatia (sofrimento do tendão) que causa dor na região do cotovelo. Existem dois tipos principais:
- Epicondilite lateral ( “cotovelo de tenista”): dor na parte externa do cotovelo, geralmente relacionada aos tendões extensores do punho.
 - Epicondilite medial (“cotovelo de golfista”): dor na parte interna do cotovelo, envolvendo os tendões flexores do punho.
 Apesar do nome terminar em “ite” (o que lembra inflamação), na maioria dos casos o problema é um desgaste/degeneração do tendão por uso repetitivo e sobrecarga. A boa notícia: na maioria das pessoas melhora com tratamento adequado.
Sintomas mais comuns
- Dor no lado externo (lateral) ou interno (medial) do cotovelo
 - Piora ao segurar objetos, apertar as mãos, abrir potes, digitar, usar o mouse, girar a chave ou levantar panelas
 - Sensibilidade ao toque no osso do cotovelo (epicôndilo)
 - Força de preensão diminuída (pegar e segurar firme fica difícil)
 - Rigidez pela manhã ou após períodos longos de uso
 - Em casos crônicos, dor pode irradiar para o antebraço
 Sinais de alerta: formigamento persistente, perda de força progressiva, dor noturna intensa ou trauma importante recente. Nessas situações, procure avaliação médica.
Por que acontece? (causas e fatores de risco)
- Movimentos repetitivos de punho e antebraço (trabalho manual, academia, esportes com raquete, golfe, musculação, crossfit)
 - Postura e ergonomia inadequadas no computador (mouse/teclado)
 - Técnica esportiva incorreta, equipamentos mal ajustados
 - Falta de condicionamento de ombro/escápula e antebraço
 - Idade (geralmente entre 30 e 60 anos)
 - Tabagismo, diabetes, hipotireoidismo e aumento de colesterol podem piorar a cicatrização dos tendões
 
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é principalmente clínico, na consulta, com história e exame físico. Em alguns casos, exames complementares ajudam:
- Ultrassonografia: avalia espessamento, fissuras e inflamação ao redor do tendão; pode guiar procedimentos.
 - Ressonância magnética: indicada em casos persistentes, dúvidas diagnósticas ou para planejamento de procedimentos.
 - Testes diferenciais: lesões do nervo radial (túnel radial), artropatias e outras causas de dor no cotovelo podem imitar a epicondilite.
 
Objetivos do tratamento
- Reduzir a dor e a inflamação local quando presente
 - Recuperar a força e a função do antebraço e punho
 - Corrigir fatores que causam sobrecarga (ergonomia e técnica)
 - Prevenir recidivas
 A seguir, explico as opções mais utilizadas — do convencional às tecnologias e ortobiológicos — e quando cada uma costuma ser indicada.
Tratamento convencional (primeira linha)
- Repouso relativo: não é “parar tudo”, mas ajustar atividades que pioram a dor.
 - Gelo/Calor: gelo nas fases mais dolorosas (10–15 min, 2–3x/dia). Calor pode ajudar a relaxar antes de alongar.
 - Medicações analgésicas/anti-inflamatórias: por curto período, quando indicadas pelo médico.
 - Órteses: a fita/brace tipo “counterforce” reduz a tensão no tendão durante atividades. Uso temporário, principalmente no esporte e no trabalho.
 - Fisioterapia:
 
- Mobilizações e analgesia (técnicas manuais, recursos analgésicos quando indicado).
 - Exercícios excêntricos e concêntricos para extensores/flexores do punho e fortalecimento de ombro/escápula.
 - Alongamentos progressivos e treino de pegada.
 - Educação postural e ergonomia (altura da cadeira/mesa, posição do mouse, pausas programadas).
 - Reabilitação funcional:
 
- Progressão de cargas bem estruturada (de leve para moderada, depois específica da atividade/esporte).
 - Correção de técnica esportiva e ajuste de equipamento (tamanho da empunhadura da raquete, por exemplo).
 Tempo de recuperação: muitos pacientes melhoram entre 6 e 12 semanas com um programa bem conduzido; casos crônicos podem levar 3–6 meses.
Ortobiológicos (PRP e outras opções)
“Ortobiológicos” são terapias que utilizam substâncias do próprio corpo para estimular a cicatrização.
- PRP (plasma rico em plaquetas):
 
- O que é: concentrado de plaquetas retirado do próprio sangue do paciente.
 - Como age: libera fatores de crescimento que podem estimular a reparação do tendão.
 - Como é feito: coleta de sangue, preparo do PRP e infiltração guiada por ultrassom no tendão doente.
 - Evidências: estudos mostram benefício em parte dos casos crônicos que não responderam ao tratamento convencional, principalmente no médio prazo. Porém, os resultados podem variar.
 - Efeitos colaterais: dor transitória após o procedimento; raramente infecção ou sangramento.
 - Quantas sessões: geralmente 1 a 3 aplicações, dependendo da resposta clínica.
 - Outras opções ortobiológicas (a critério médico, caso a caso):
 
- “Dry needling” peritendíneo guiado por USG (estimula reparo local).
 - Concentrados de fibrina/derivados plaquetários.
 - Observação: o uso de ácido hialurônico peritendíneo existe em alguns protocolos, mas as evidências para epicondilite ainda são limitadas.
 Indicação típica: dor crônica (≥ 3–6 meses) que não melhorou com fisioterapia orientada e ajustes de carga.
Terapia por Ondas de Choque (ESWT)
- O que é: ondas acústicas de alta energia aplicadas pontualmente na área dolorosa.
 - Benefícios esperados: redução da dor e estímulo ao reparo tecidual, sobretudo em tendinopatias crônicas.
 - Protocolo usual: 3 a 5 sessões semanais ou quinzenais, duração de 10–15 minutos por sessão; parâmetros são individualizados.
 - Sensação durante a aplicação: desconforto suportável; a intensidade é ajustada conforme tolerância.
 - Efeitos colaterais: vermelhidão local, leve dor pós-sessão, raros hematomas.
 - Contraindicações: gestantes, tumores locais, infecções, distúrbios de coagulação, uso de anticoagulantes sem ajuste, próteses ou placas muito próximas ao local (avaliar caso a caso).
 - Evidências: há estudos e revisões mostrando benefício em muitos pacientes com epicondilite lateral crônica. Resultados variam conforme protocolo, tempo de sintomas e associação com reabilitação.
 
Terapia com Laser de Alta Intensidade (HILT)
- O que é: laser terapêutico com maior potência do que os lasers de baixa intensidade tradicionais.
 - Como pode ajudar: analgesia, efeito anti-inflamatório e melhora microcirculatória. Pode ser útil como complemento na fase dolorosa para facilitar a fisioterapia ativa.
 - Protocolo: sessões curtas, 1 a 2 vezes por semana, tipicamente por 3–6 semanas. Parâmetros dependem do equipamento e do objetivo (analgésico x reparo).
 - Efeitos colaterais: em geral mínimos; sensação de calor local.
 - Evidências: estudos sugerem melhora da dor e da função em tendinopatias, porém a qualidade das evidências é variável. Funciona melhor como parte de um plano integrado (não como única intervenção).
 
Terapia com Campo Magnético (PEMF)
- O que é: campos eletromagnéticos pulsáteis aplicados sobre a região dolorosa.
 - Como pode ajudar: modula processos celulares relacionados à dor e reparo tecidual.
 - Protocolo: varia conforme o dispositivo; geralmente sessões seriadas.
 - Segurança: boa, com poucos efeitos adversos relatados. Contraindicações incluem marcapasso/implantes eletrônicos e gestação (por precaução).
 - Evidências: promissoras em algumas tendinopatias, mas ainda heterogêneas para epicondilite. Pode ser considerada como coadjuvante, especialmente em dor crônica.
 
Outras medidas que podem fazer diferença
- Nutrição de suporte: ingestão adequada de proteínas (especialmente se pratica atividades físicas), vitamina D em dia, e, quando indicado, colágeno associado a vitamina C pode ser considerado como coadjuvante. A personalização é importante — especialmente porque a saúde do tendão depende de vários fatores metabólicos.
 - Ergometria e técnica: revisar postura no computador, altura do apoio, tipo de mouse, pausas ativas; ajustar técnica esportiva e equipamento.
 - Sono e controle do estresse: impactam diretamente na dor e na recuperação tecidual.
 - Parar de fumar: melhora a cicatrização.
 
Quando considerar cirurgia?
A cirurgia é reservada para uma minoria dos casos que não melhoram após 6 a 12 meses de tratamento bem conduzido com reabilitação e, quando indicado, terapias avançadas.
- O que é feito: remoção do tecido doente e estímulo da cicatrização do tendão; pode ser aberta ou artroscópica.
 - Recuperação: retorno progressivo com fisioterapia; o tempo varia conforme técnica e perfil do paciente.
 - Decisão: individualizada, após discutir expectativas, tempo de recuperação e alternativas.
 
Prevenção e retorno às atividades
- Ergonomia no trabalho:
 
- Teclado e mouse na altura dos cotovelos, punhos neutros, suporte de antebraço, pausas ativas.
 - Esporte:
 
- Ajuste de técnica e equipamento (empunhadura da raquete, tensão das cordas, peso).
 - Aumentar volume e intensidade gradualmente.
 - Rotina de exercícios:
 
- Fortalecimento de antebraço, ombro e escápulas; alongamentos suaves.
 - Hábitos de saúde:
 
- Parar de fumar, sono adequado e alimentação balanceada favorecem a cicatrização.
 - Monitorar condições como diabetes e tireoide.
 
Perguntas frequentes (FAQ)
- Quanto tempo leva para melhorar?
 
- Muitos pacientes melhoram em 6–12 semanas com tratamento correto. Casos crônicos podem levar mais tempo.
 
- Posso continuar treinando?
 
- Em geral, sim — com ajustes de carga e evitando os movimentos que disparam a dor. O fisioterapeuta vai orientar substituições temporárias.
 
- Gelo ou calor?
 
- Nas fases dolorosas iniciais, gelo costuma aliviar. Em fases subagudas/crônicas, calor leve antes de exercícios pode ajudar.
 
- Infiltração de corticoide resolve?
 
- Pode aliviar no curto prazo, mas a chance de retorno da dor é maior se não houver programa de reabilitação. É uma ferramenta pontual, não a solução isolada.
 
- PRP funciona para todo mundo?
 
- Não há garantia de 100%, mas muitos pacientes com epicondilite crônica respondem bem, especialmente quando o protocolo é bem indicado e associado à fisioterapia.
 
- Quando devo procurar um ortopedista?
 
- Se a dor dura mais de 2–4 semanas, limita tarefas diárias ou há perda de força/sensibilidade, é hora de consultar.
 
Agende sua avaliação
Se você sente dor no cotovelo e suspeita de epicondilite, agende uma consulta com um dos profissionais da Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia. Uma avaliação detalhada permite um plano de tratamento personalizado, combinando reabilitação e, quando necessário, terapias avançadas como ortobiológicos, ondas de choque, laser de alta intensidade e campo magnético.
Autor: Dr. Carlos Eugênio Silva Martins — Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia
Formação: Pós‑graduado em Ortopedia e Traumatologia, Clínica da Dor e Intervenção em Dor. 
	
						
					
															


															
															


															