Ortopedia

Síndrome Dolorosa do Grande Trocanter: o que é, sintomas e tratamentos (convencionais e avançados)

Síndrome Dolorosa do Grande Trocanter

A Síndrome Dolorosa do Grande Trocanter (SDGT), popularmente conhecida como “bursite trocantérica”, é uma causa frequente de dor na parte lateral do quadril. Apesar do nome antigo “bursite”, hoje sabemos que, muitas vezes, a dor vem de uma combinação de irritação das bursas e sobrecarga dos tendões do glúteo médio e do glúteo mínimo. É comum em pessoas fisicamente ativas, corredores, mulheres entre 40 e 70 anos, além de quem fica muito tempo sentado ou dorme sempre do mesmo lado.

A boa notícia: a maioria dos casos melhora com um plano de tratamento bem estruturado, que pode incluir medidas simples em casa, fisioterapia direcionada e, em casos selecionados, terapias avançadas como ortobiológicos (ex.: PRP), terapia por ondas de choque, laser de alta intensidade e campo magnético.

Sintomas mais comuns

  • Dor na lateral do quadril, que pode irradiar para a parte externa da coxa
  • Pioria ao deitar sobre o lado dolorido
  • Dor ao subir escadas, levantar da cadeira ou ficar muito tempo em pé
  • Sensibilidade ao toque sobre o “osso lateral” do quadril (grande trocanter)
  • Em casos de tendinopatia mais avançada, sensação de fraqueza ao abrir a perna para o lado

Causas e fatores de risco

  • Sobrecarga repetitiva (corrida, caminhada longa, subidas)
  • Biomecânica alterada (fraqueza de glúteos, joelho em valgo, pisada)
  • Rigidez ou encurtamentos musculares (faixa iliotibial, flexores do quadril)
  • Obesidade ou ganho de peso recente
  • Posturas mantidas e hábitos (cruzar pernas, dormir sempre do mesmo lado)
  • Alterações da coluna lombar que mudam a mecânica do quadril

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico é clínico, baseado em história e exame físico específicos. Testes funcionais podem reproduzir a dor na lateral do quadril. Exames de imagem (ultrassom, radiografia, ressonância) podem ser solicitados para confirmar o envolvimento dos tendões glúteos, avaliar bursas e descartar outras causas.

Importante: a avaliação individual é essencial para diferenciar a SDGT de problemas intra-articulares do quadril, radiculopatia lombar e outras condições que também causam dor na região.


Tratamento: do convencional ao avançado

1) Medidas convencionais (primeira linha)

  • Educação e ajustes de atividade:
    • Reduzir, por um período, atividades que piorem a dor (corrida em subida, escadas).
    • Evitar deitar sobre o lado dolorido; se necessário, usar um travesseiro entre os joelhos.
    • Ajustar postura no trabalho e em casa; alternar posições ao longo do dia.
  • Analgesia e controle de inflamação:
    • Gelo após atividade (10–15 minutos).
    • Anti-inflamatórios e analgésicos podem ser considerados sob orientação médica.
  • Fisioterapia específica (pilar do tratamento):
    • Fortalecimento progressivo do glúteo médio e mínimo (abdução do quadril), estabilizadores do core e controle pélvico.
    • Alongamentos orientados (faixa iliotibial, flexores do quadril), sem exacerbar a dor.
    • Treino motor e correção biomecânica (cadência da corrida, alinhamento de joelho e quadril).
  • Infiltração com corticoide (quando indicado):
    • Pode oferecer alívio rápido em dores intensas ou em picos inflamatórios.
    • Costuma ter benefício de curto prazo; pode ser usada estrategicamente para permitir avanço na reabilitação.
    • A decisão é individualizada, considerando riscos e benefícios.

Tempo de recuperação: muitos pacientes melhoram em 6 a 12 semanas com adesão à fisioterapia e ajustes de carga. Casos persistentes podem levar mais tempo e considerar terapias complementares.


2) Ortopbiológicos (ex.: PRP – Plasma Rico em Plaquetas)

  • O que é: concentra suas próprias plaquetas para liberar fatores de crescimento que podem auxiliar na modulação do processo de reparo dos tendões.
  • Quando considerar: tendinopatia glútea persistente que não respondeu bem a medidas convencionais.
  • O que esperar:
    • O benefício tende a ser gradual (semanas a poucos meses).
    • Evidências científicas mostram resultados variáveis; em alguns casos, o PRP pode oferecer alívio mais duradouro do que o corticoide, mas não é garantia de cura.
  • Como é feito: coleta de sangue, preparo do concentrado e aplicação guiada por imagem no local indicado.
  • Observações: dor transitória pós-procedimento é possível; geralmente, associa-se a um protocolo de reabilitação.

3) Terapia por Ondas de Choque (ESWT)

  • Como funciona: ondas acústicas estimulam a modulação da dor, aumento local de perfusão e mecanismos de reparo tecidual.
  • Indicações: dor lateral do quadril resistente ao tratamento inicial; tendinopatia glútea crônica.
  • Vantagens:
    • Sessões rápidas (geralmente 3 a 5), com intervalo semanal.
    • Boa evidência para melhora de dor e função em SDGT em diversos estudos.
  • Sensações: pode causar desconforto durante a aplicação, geralmente bem tolerado; retorno imediato às atividades cotidianas é comum.

4) Terapia com Laser de Alta Intensidade (HILT)

  • Como funciona: feixe de alta potência que visa analgesia e modulação inflamatória em planos mais profundos.
  • Indicações: dor persistente, especialmente quando a hipersensibilidade local impede a progressão da fisioterapia.
  • Protocolo: normalmente 6 a 10 sessões, 1–2 vezes por semana, conforme resposta.
  • Evidência: estudos mostram benefício em dor e função em tendinopatias; a qualidade da evidência varia, e costuma ser parte de um plano multimodal.

5) Terapia com Campo Magnético (PEMF)

  • O que é: campos eletromagnéticos pulsáteis utilizados para modulação de dor e inflamação.
  • Papel no tratamento: adjuvante, útil como complemento à reabilitação, especialmente em casos de dor persistente.
  • Evidência: em evolução; alguns estudos sugerem melhora de dor e função, mas ainda com variabilidade de resultados. Deve ser indicada de forma criteriosa.

Como escolher o melhor caminho para você

  • Avaliação clínica detalhada (tendão, bursa, coluna, marcha e alinhamento).
  • Definição conjunta de metas (redução de dor, retorno ao esporte, melhora de sono).
  • Escalonamento racional:
    1. Educação, ajustes de carga e fisioterapia estruturada
    2. Analgesia/infiltração guiada quando necessário
    3. Terapias adjuvantes (ondas de choque, HILT, PEMF)
    4. Ortopbiológicos (ex.: PRP) em casos selecionados
  • Reabilitação é contínua: terapias avançadas funcionam melhor quando associadas a um programa de exercícios e correções biomecânicas.

Prevenção e autocuidado

  • Fortaleça glúteos e core 2–3 vezes por semana.
  • Aumente cargas de treino de forma gradual (regra de 10% por semana como referência).
  • Varie superfícies e inclinações na corrida/caminhada.
  • Use calçados adequados ao seu padrão de pisada e atividade.
  • Evite longos períodos na mesma posição; faça pausas ativas.
  • Durma preferencialmente sobre o lado não dolorido e use travesseiro entre os joelhos.

Sinais de alerta: procure avaliação rápida se houver

  • Dor súbita e incapacitante após queda ou trauma
  • Febre, vermelhidão intensa ou calor local significativo
  • Perda de força acentuada ou dormência persistente na perna
  • Dor que acorda à noite sem relação postural e não melhora com analgésicos usuais

Perguntas Frequentes (FAQ)

  1. Bursite trocantérica e Síndrome Dolorosa do Grande Trocanter são a mesma coisa?
  • A expressão “bursite trocantérica” é popular, mas hoje entendemos a SDGT como um espectro que inclui irritação da bursa e, principalmente, tendinopatia dos glúteos. O termo SDGT descreve melhor o problema.
  1. Quanto tempo leva para melhorar?
  • Com tratamento adequado, muitos pacientes melhoram em 6 a 12 semanas. Casos crônicos podem precisar de mais tempo e de terapias adjuvantes.
  1. Posso continuar correndo?
  • Em geral, reduzimos volume e intensidade no início e reintroduzimos gradualmente conforme a dor permite, sempre com orientação. Ajustes de técnica e fortalecimento são fundamentais.
  1. Corticoide, PRP, ondas de choque ou laser: qual é melhor?
  • Depende do seu caso. Corticoide pode aliviar rapidamente, mas tende a ser de curto prazo. PRP e ondas de choque podem oferecer benefícios mais duradouros em casos de tendinopatia. Laser e PEMF são adjuvantes úteis para controle de dor e inflamação. A decisão é individual, baseada em avaliação clínica e objetivos.
  1. A terapia por ondas de choque dói?
  • Pode causar desconforto durante a aplicação, mas costuma ser bem tolerada e dura poucos minutos. A maioria das pessoas retoma as atividades diárias normalmente após a sessão.

Agende sua avaliação na Northos

Se você tem dor na lateral do quadril ou suspeita de Síndrome Dolorosa do Grande Trocanter, agende uma avaliação com um dos profissionais da Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia. Nossa equipe integra ortopedia, clínica da dor, fisioterapia e medicina do esporte para oferecer um plano de cuidado individualizado, do básico ao avançado, com foco em retorno funcional seguro.

  • Como agendar: entre em contato pelos nossos canais oficiais ou clique no botão “Agendar avaliação” no site da Northos.
  • O que levar: exames anteriores (se tiver), lista de medicamentos, histórico de atividades e esportes.

Estamos prontos para ajudar você a voltar a se movimentar sem dor.


Sobre o autor

Autor: Dr. Carlos Eugênio Silva Martins
Clínica: Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia
Formação: Pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia, Clínica da Dor e Intervenção em Dor.