Conteúdo informativo voltado a pacientes. Não substitui consulta médica ou avaliação individualizada.
Por que este artigo é importante
As lesões do menisco são uma das causas mais comuns de dor no joelho, tanto em quem pratica esportes quanto em atividades do dia a dia. Entender sintomas, exames e as opções de tratamento — do convencional ao cirúrgico, além de terapias adjuvantes como ortobiológicos, ácido hialurônico, ondas de choque, laser de alta intensidade e campo magnético — ajuda você a tomar decisões mais seguras junto ao seu ortopedista.
O que é o menisco e como ocorrem as lesões
- O joelho tem dois meniscos: medial (parte de dentro) e lateral (parte de fora). São estruturas de fibrocartilagem em formato de “C” que funcionam como amortecedores, melhoram a estabilidade e distribuem a carga.
 - Lesões podem ocorrer por torção súbita (ex.: mudar de direção com o pé preso no chão) ou por desgaste ao longo do tempo (degenerativas).
 - Tipos comuns: ruptura longitudinal, radial, “alça de balde”, flap, complexas e lesões da raiz do menisco (root tears).
 
Sintomas mais frequentes
- Dor localizada no compartimento interno ou externo do joelho
 - Inchaço (derrame articular) e rigidez
 - Estalos, sensação de “agarrar” ou “travamento” ao dobrar/esticar
 - Sensação de instabilidade ou “falsa flexão”
 - Piora com giro, agachamento profundo ou subidas/descidas
 
Quando procurar atendimento
- Dor que não melhora em poucos dias com repouso
 - Inchaço recorrente
 - Travamentos ou bloqueio para estender o joelho
 - Dificuldade para caminhar, subir escadas ou praticar esportes
 
Diagnóstico: como é feito
- Avaliação clínica: história detalhada, testes específicos no exame físico (ex.: McMurray, Thessaly).
 - Exames de imagem: radiografias para avaliar alinhamento e sinais de artrose; ressonância magnética é o padrão ouro para visualizar o menisco, cartilagem e ligamentos.
 - Importante: nem toda lesão vista na ressonância causa dor; correlacionar imagem e sintomas é fundamental.
 
Tratamento convencional (não cirúrgico)
A grande maioria das lesões meniscais, especialmente degenerativas e sem travamento, melhora com tratamento conservador bem conduzido.
- Controle de dor e inflamação
 
- Medidas iniciais: reduzir impacto, gelo 10 a 15 minutos, 2 a 3 vezes ao dia nos primeiros dias; elevar a perna.
 - Analgésicos e anti-inflamatórios podem ser usados por curto período, quando indicados pelo médico.
 - Órteses simples ou bandagens podem dar conforto temporário.
 
- Fisioterapia estruturada
 
- Recuperação de amplitude de movimento
 - Fortalecimento progressivo de quadríceps, isquiotibiais, glúteos e cadeia posterior
 - Treino de propriocepção e equilíbrio para reduzir recidivas
 - Educação sobre carga e retorno gradual às atividades
 
- Ajustes de atividade e hábitos
 
- Evitar movimentos que provoquem dor aguda (agachamentos profundos, torções)
 - Perda de peso, quando aplicável, reduz sobrecarga no joelho
 - Calçados adequados e correção de padrões de movimento
 
- Tempo de recuperação
 
- Varia bastante: 4 a 12 semanas é uma janela comum para melhora consistente, dependendo do tipo de lesão e adesão à reabilitação.
 
Em lesões com bloqueio articular, sintomas mecânicos persistentes ou falha do tratamento conservador, considera-se procedimento cirúrgico.
Tratamento cirúrgico: quando e como
A artroscopia do joelho é o procedimento minimamente invasivo mais utilizado. A decisão considera idade, nível de atividade, tipo e localização da ruptura, presença de artrose e sintomas.
Opções cirúrgicas
- Sutura/refixação meniscal: preserva o menisco e é preferível quando a lesão está em área com vascularização (zona “vermelha” ou vermelho‑branca), especialmente em pacientes mais jovens ou ativos. Tempo de reabilitação costuma ser maior, mas protege a saúde do joelho no longo prazo.
 - Meniscectomia parcial: remoção apenas do fragmento instável quando a sutura não é viável (ex.: lesões degenerativas em zonas pouco vascularizadas). Reabilitação costuma ser mais rápida, mas perde-se parte do amortecimento.
 - Reconstrução da raiz meniscal: indicada nas “root tears”, que se comportam como uma meniscectomia total funcional se não tratadas.
 - Transplante meniscal: opção para casos selecionados com dor pós-meniscectomia e joelho bem alinhado, em pacientes jovens/ativos sem artrose avançada.
 
Reabilitação e retorno ao esporte
- Meniscectomia parcial: muitas vezes retorno leve em 2 a 4 semanas e esportes em 6 a 8 semanas (varia conforme caso).
 - Sutura meniscal: proteção de carga e limitação de mobilidade nas primeiras semanas; retorno esportivo frequentemente entre 3 e 6 meses, conforme cicatrização e reabilitação.
 - Sempre seguir o protocolo do seu cirurgião e fisioterapeuta.
 
Riscos e benefícios
- Benefícios: alívio de dor, redução de travamentos, melhora funcional, preservação meniscal quando possível.
 - Riscos: infecção, rigidez, trombose, recidiva da lesão, persistência de sintomas. A indicação correta e a reabilitação adequada reduzem riscos.
 
Tratamentos adjuvantes e avançados
Importante: as terapias abaixo são complementares. A escolha deve ser individualizada, baseada em evidência científica, quadro clínico e objetivos do paciente. Nem todas são indicadas para todos os tipos de lesão meniscal.
Ortobiológicos (ex.: PRP – plasma rico em plaquetas)
- O que são: substâncias obtidas do próprio paciente (autólogas) com potencial de modular inflamação e cicatrização.
 - Como podem ajudar: em alguns cenários, o PRP pode reduzir dor e melhorar função, principalmente em lesões degenerativas ou quando há inflamação associada. Em lesões passíveis de sutura, vem sendo estudado como adjuvante para favorecer cicatrização.
 - Limitações: a evidência varia conforme protocolo, tipo de lesão e técnica. Não “cola” o menisco por si só em rupturas que indicam reparo cirúrgico.
 
Ácido hialurônico (viscossuplementação)
- O que é: um lubrificante biocompatível que melhora a viscosidade do líquido sinovial.
 - Indicação: mais útil quando há dor associada a desgaste da cartilagem (condropatia/artrose). Pode melhorar deslizamento e reduzir atrito intra-articular.
 - Limitações: não repara o menisco; atua no alívio da dor e função, especialmente quando existe componente degenerativo ou inflamatório no joelho.
 
Terapia por ondas de choque (ESWT)
- Uso típico: mais consagrada para tendinopatias e dor periarticular. Em joelho, pode ser considerada para dor em tecidos ao redor (ex.: tendão patelar) ou edema ósseo em indicações específicas.
 - Para menisco: como terapia direta intra-articular, a evidência é limitada. Pode ser considerada como parte de um plano para dor associada, sob avaliação criteriosa.
 
Terapia com laser de alta intensidade (HILT)
- Objetivo: efeito analgésico e modulação do processo inflamatório, podendo acelerar a recuperação funcional em alguns pacientes.
 - Papel no menisco: coadjuvante para controle de dor e melhora de amplitude, dentro de um protocolo de fisioterapia.
 
Terapia por campo magnético (PEMF/magnetoterapia)
- Como atua: campos eletromagnéticos pulsáteis podem modular inflamação e edema ósseo, com algum suporte em dor crônica musculoesquelética.
 - Uso no joelho: coadjuvante para dor e recuperação tecidual; resultados variam e devem ser integrados ao plano global de reabilitação.
 
Decidir entre PRP, ácido hialurônico, ondas de choque, laser e campo magnético depende do seu exame, imagem, tipo de lesão e objetivos. Converse com um ortopedista que conheça e integre essas opções de forma responsável.
O que esperar da recuperação
- Dor e inchaço tendem a reduzir nas primeiras semanas com terapia adequada.
 - A reabilitação guiada é o maior determinante do resultado, com progressão de força, mobilidade e propriocepção.
 - Retorno às atividades é gradual; respeitar sinais do corpo é essencial para prevenir recidivas.
 
Prevenção de novas lesões
- Fortalecimento regular de quadríceps, glúteos e core
 - Treinos de equilíbrio e agilidade
 - Aquecimento antes do esporte e progressão de carga inteligente
 - Controle de peso e calçados adequados
 - Corrigir padrões de movimento (agachamento, aterrissagem, mudanças de direção)
 
Perguntas frequentes (FAQ)
- Toda lesão meniscal precisa de cirurgia?
 
- Não. Muitas lesões, principalmente as degenerativas sem travamento, melhoram com tratamento conservador e fisioterapia direcionada.
 
- Lesão meniscal cicatriza sozinha?
 
- Depende. Áreas do menisco com bom suprimento sanguíneo (zonas periféricas) têm maior potencial de cicatrização, especialmente se a lesão for estável. Outras áreas têm baixo potencial, e às vezes a sutura é a melhor opção.
 
- O que é melhor: sutura meniscal ou “raspagem” (meniscectomia parcial)?
 
- Quando viável, preservar o menisco com sutura é preferível para proteger o joelho a longo prazo. Meniscectomia parcial é indicada quando a sutura não é possível e o fragmento causa sintomas.
 
- PRP e ácido hialurônico substituem a cirurgia?
 
- Não substituem quando há indicação clara de reparo ou remoção de fragmento instável. Podem ajudar na dor e na função em situações específicas e como adjuvantes.
 
- Em quanto tempo volto ao esporte?
 
- Varia com o tipo de lesão e tratamento. Após meniscectomia parcial, pode ser 6 a 8 semanas; após sutura, muitas vezes 3 a 6 meses. O seu plano é individual.
 
Sobre o autor
Autor: Dr. Carlos Eugênio Silva Martins
Clínica: Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia
Formação: Pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia, Clínica da Dor e Intervenção em Dor.
Aviso importante
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui consulta médica individualizada. Cada caso é único e deve ser avaliado por um profissional habilitado.
	
						
					
															


															
															


															