Ortopedia

Cervicalgia e Espondilose Cervical: causas, sintomas e tratamentos possíveis

Cervicalgia

Por Dr. Carlos Eugênio Silva Martins
Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia
Pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia, Clínica da Dor e Intervenção em Dor

Aviso importante: Este conteúdo é informativo e não substitui uma avaliação médica individualizada. Em caso de dor intensa, perda de força, formigamentos persistentes ou após um trauma, procure atendimento médico.

Resumo do tema em linguagem simples

A cervicalgia é a dor na região do pescoço. Já a espondilose cervical é o nome médico para o “desgaste” natural das estruturas da coluna do pescoço (discos, articulações e ossos), frequentemente associado ao que muitos chamam de “bico de papagaio”. Nem toda espondilose causa dor, mas quando causa, costuma se manifestar como rigidez, dor ao mover a cabeça e, às vezes, dor irradiada para ombros e braços.

A boa notícia: a maior parte dos casos melhora com tratamento conservador e ajuste de hábitos. Em situações selecionadas, existem intervenções em dor e cirurgias com técnicas modernas e minimamente invasivas.


O que é cervicalgia?

Cervicalgia é o termo para dor no pescoço. Pode surgir de forma súbita (após um esforço, noite mal dormida) ou ser crônica (dor que dura mais de 3 meses). Costuma piorar ao olhar para baixo por muito tempo (como no celular ou notebook), ao dirigir por longos períodos ou após posturas inadequadas.

O que é espondilose cervical?

Espondilose cervical é o desgaste progressivo dos discos e das articulações da coluna cervical que ocorre com o passar dos anos. Esse processo pode gerar:

  • Perda de altura do disco
  • Formação de osteófitos (“bicos de papagaio”)
  • Irritação das articulações facetárias
  • Estreitamento dos forames por onde passam as raízes nervosas

Esse desgaste é comum com a idade e nem sempre é sinônimo de dor. O sintoma depende de inflamação local, sobrecarga mecânica e, às vezes, compressão de estruturas nervosas.

Sintomas mais comuns

  • Dor e rigidez no pescoço
  • Dor que pode irradiar para ombros, escápulas e braços
  • Formigamento, queimação ou choques no braço/antebraço (radiculopatia)
  • Dor de cabeça de origem cervical (cefaleia cervicogênica)
  • Fadiga muscular e “peso” na nuca, pior no fim do dia
  • Piora ao permanecer muito tempo olhando para baixo ou fixo numa tela

Sinais de alerta (procure atendimento imediatamente)

  • Fraqueza em braço ou mão (dificuldade para segurar objetos, abrir potes)
  • Perda de sensibilidade importante, desequilíbrio ao andar
  • Alterações urinárias ou intestinais sem explicação
  • Dor após trauma importante (queda, acidente)
  • Febre, perda de peso inexplicada ou dor noturna que não melhora

Causas e fatores de risco

  • Postura mantida por longos períodos (uso de celular, home office sem ergonomia)
  • Sedentarismo e fraqueza de musculatura cervical e escapular
  • Degeneração natural dos discos (envelhecimento)
  • Hérnia de disco cervical
  • Artrose das articulações facetárias
  • Estresse muscular, bruxismo e distúrbios do sono
  • Tabagismo

Como é feito o diagnóstico

  • Avaliação clínica detalhada e exame físico
  • Exames de imagem, quando indicados: raio-X (avalia alinhamento e artrose), ressonância magnética (discos, nervos, medula), tomografia (ossos)
  • Em casos selecionados, eletroneuromiografia para estudar nervos e músculos

Observação: o achado de “desgaste” em exames é comum com a idade e, por si só, não explica a dor. A correlação com os sintomas é essencial.


Tratamentos possíveis

1) Medidas iniciais e cuidados no dia a dia

  • Repouso relativo por curto período (evitar imobilidade prolongada)
  • Calor local ou gelo, conforme resposta individual (10 a 20 minutos)
  • Ajustes de postura: tela na altura dos olhos, pausas a cada 45–60 minutos
  • Ajuste do travesseiro (altura que mantenha o pescoço alinhado)
  • Hidratação adequada e sono regular

2) Medicamentos (sempre com prescrição e orientação médica)

  • Analgésicos e anti-inflamatórios em fases dolorosas agudas
  • Relaxantes musculares por tempo limitado
  • Em dor neuropática (com irradiação e formigamentos), pode haver indicação de medicações específicas
  • Protetores gástricos quando necessário, conforme o perfil do paciente

Automedicação pode mascarar sinais de alerta e trazer efeitos colaterais. Procure orientação médica.

3) Fisioterapia e reabilitação

Pilar central do tratamento, com foco em:

  • Terapia manual e mobilizações articulares
  • Liberação miofascial e técnicas para diminuir tensão
  • Alongamentos de trapézio, peitorais, escalenos e suboccipitais
  • Fortalecimento de estabilizadores cervicais profundos e cintura escapular
  • Reeducação postural, ergonomia e “pausas ativas”
  • Exercícios domiciliares simples e regulares

Exemplos de exercícios frequentemente recomendados (somente após avaliação):

  • Retração cervical (chin tuck) suave
  • Fortalecimento de escápulas (remo com elástico, pranchas modificadas)
  • Alongamento de trapézio superior e peitoral menor

4) Intervenções em Dor (procedimentos minimamente invasivos)

Indicadas quando os sintomas persistem apesar do tratamento conservador e haja correlação com achados clínicos e de imagem:

  • Infiltrações facetárias cervicais (articulações posteriores)
  • Bloqueio de ramos mediais (medial branch block) e radiofrequência das facetas
  • Bloqueios foraminais/epidural cervical para radiculopatia
  • Bloqueios diagnósticos para mapear a origem da dor

Esses procedimentos podem reduzir dor e inflamação, facilitando a reabilitação.

5) Cirurgia

Reservada a casos específicos:

  • Déficit neurológico progressivo (perda de força) ou sinais de compressão medular (mielopatia)
  • Dor radicular intensa e persistente, refratária ao tratamento clínico
  • Instabilidade ou compressões significativas documentadas

Procedimentos mais utilizados:

  • Discectomia e artrodese cervical anterior (ACDF)
  • Artroplastia discal cervical (prótese de disco) em casos selecionados
  • Foraminotomia/descompressão posterior

A decisão é individualizada e compartilhada entre paciente e equipe.


Prevenção e manutenção

  • Fortaleça regularmente pescoço, escápulas e core
  • Adote ergonomia: tela na altura dos olhos, cadeira com apoio lombar, teclado e mouse bem posicionados
  • Faça pausas ativas a cada 45–60 minutos (1–2 minutos de mobilidade e alongamentos)
  • Limite o “text neck”: segure o celular mais alto, evite longos períodos olhando para baixo
  • Durma com travesseiro que mantenha o alinhamento do pescoço
  • Pratique atividade física aeróbica de forma regular

Perguntas frequentes (FAQ)

  1. Espondilose cervical é o mesmo que artrose?
    Sim. Espondilose é o termo médico para mudanças degenerativas (artrose) na coluna cervical.
  2. “Bico de papagaio” tem cura?
    Os osteófitos não “somem”, mas é possível controlar a dor, melhorar a função e frear a progressão com hábitos, fortalecimento e, quando necessário, intervenções específicas.
  3. Colar cervical ajuda?
    Pode ser útil por curto período em crises agudas, sob orientação médica. O uso prolongado enfraquece a musculatura e pode piorar o quadro.
  4. Quando devo procurar atendimento com urgência?
    Se houver perda de força, alteração de marcha/equilíbrio, perda do controle urinário ou intestinal, febre, dor após trauma, ou dor progressiva que não melhora.
  5. Exercício piora a cervicalgia?
    Exercícios orientados e progressivos tendem a melhorar dor e função. O que piora é sedentarismo e retorno precoce a esforços sem preparo.

Se você sente dor no pescoço, rigidez, formigamentos nos braços ou já recebeu o diagnóstico de espondilose cervical, agendar uma avaliação é o primeiro passo para um plano de cuidado personalizado e seguro.

Agende uma avaliação com um dos profissionais da Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia. Nossa equipe está pronta para investigar a causa da sua dor e indicar o tratamento mais adequado ao seu caso, do conservador às técnicas de intervenção em dor, quando indicadas.

  • Agende pelo site da Northos ou entre em contato pelos nossos canais oficiais.
  • Traga exames anteriores (se tiver) e uma lista de sintomas e limitações do dia a dia: isso ajuda muito na definição do plano.

Sobre o autor

Dr. Carlos Eugênio Silva Martins
Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia
Pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia, Clínica da Dor e Intervenção em Dor