Ortopedia

Capsulite adesiva (ombro congelado): sintomas, fases e tratamentos modernos que aceleram a recuperação

Capsulite Adesiva

A capsulite adesiva, conhecida como “ombro congelado”, é uma causa comum de dor e rigidez no ombro que limita atividades simples do dia a dia, como vestir uma camisa, alcançar o cinto de segurança ou pentear o cabelo. A boa notícia é que há tratamentos modernos, seguros e cada vez mais eficazes para controlar a dor, recuperar a mobilidade e encurtar o tempo de recuperação — inclusive opções como bloqueios do ombro, hidrodissecção capsular, terapia por ondas de choque, laser de alta intensidade e terapias com campo magnético.

Neste artigo, explico de forma clara o que é a capsulite adesiva, como ela evolui e quais são os tratamentos que podem ajudar, com ênfase nas abordagens minimamente invasivas e nos recursos tecnológicos que utilizamos na prática clínica.

— Por Dr. Carlos Eugênio Silva Martins
Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia


O que é capsulite adesiva?

A capsulite adesiva é uma inflamação e espessamento da cápsula do ombro (estrutura que envolve a articulação), levando à formação de aderências internas. O resultado é dor, rigidez e redução importante do movimento.

Ela costuma evoluir em 3 fases:

  1. Fase dolorosa (congelamento): dor constante, piora à noite e início da perda de mobilidade.
  2. Fase rígida (congelado): a dor pode reduzir um pouco, mas a rigidez é marcante e limita o alcance.
  3. Fase de recuperação (descongelamento): melhora gradual da amplitude de movimento.

Sem tratamento, o processo todo pode durar 12 a 24 meses. Com abordagem adequada, podemos encurtar significativamente esse tempo e melhorar a qualidade de vida.


Quem tem mais risco?

  • Pessoas entre 40 e 65 anos
  • Mulheres, levemente mais afetadas
  • Diabetes e doenças da tireoide
  • Imobilização prolongada do ombro após fratura, cirurgia ou lesão
  • Algumas condições metabólicas e pós-operatórios

Sintomas mais comuns

  • Dor no ombro, muitas vezes pior à noite
  • Rigidez para elevar o braço, rodar para fora (pegar carteira no bolso, prender sutiã)
  • Perda de força secundária à dor e à falta de uso
  • Dificuldade para atividades acima da cabeça

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é clínico, baseado na história e no exame físico. Em alguns casos, exames de imagem (ultrassom e ressonância magnética) ajudam a descartar outras causas de dor no ombro (lesão do manguito rotador, artrite, calcificações). A avaliação médica direciona o plano terapêutico individualizado.


Tratamentos: do controle da dor à recuperação da mobilidade

A abordagem ideal combina controle da dor, redução da inflamação e reabilitação progressiva, com metas e ritmo adaptados ao estágio da doença.

1) Medidas iniciais e fisioterapia orientada

  • Analgesia e anti-inflamatórios (quando indicados) para controle da dor.
  • Aplicações de calor ou gelo conforme orientação clínica.
  • Fisioterapia com foco em mobilizações suaves, alongamentos progressivos e fortalecimento gradual do ombro e da escápula.
  • Exercícios domiciliares simples, consistentes e sem “forçar dor”. Regularidade é mais importante do que intensidade.

Dica: respeitar a dor é essencial. Forçar além do limite pode piorar a inflamação. O progresso sustentável é feito com pequenas conquistas semanais.


Ênfase em tratamentos que aceleram a recuperação

2) Bloqueios do ombro (alívio da dor para destravar a reabilitação)

Os bloqueios do ombro, guiados por ultrassom, consistem em anestesiar seletivamente nervos que transmitem a dor do ombro (por exemplo, bloqueio do nervo supraescapular).
Principais benefícios:

  • Redução rápida da dor
  • Melhor tolerância aos exercícios de ganho de amplitude
  • Possibilidade de diminuir o uso de analgésicos sistêmicos
  • Procedimento minimamente invasivo, realizado em ambiente ambulatorial

Quando bem indicados, os bloqueios funcionam como uma “janela de analgesia”: a dor cai, o paciente ganha confiança para mobilizar e a fisioterapia rende mais. Em alguns casos, associamos pequenas doses de corticoide, se clinicamente apropriado.

Segurança: quando realizados por profissional capacitado, com ultrassonografia e técnica asséptica, o risco de complicações é baixo. Eventuais efeitos transitórios podem incluir dormência temporária e sensação de fraqueza no ombro.


3) Hidrodissecção capsular do ombro (hidrodilatação capsular)

Na capsulite, a cápsula articular fica espessada e aderida. A hidrodissecção capsular é um procedimento guiado por imagem (ultrassom) em que injetamos solução fisiológica, frequentemente associada a anestésico e, em casos selecionados, corticoide, para “descolar” aderências e distender a cápsula de forma controlada.

Benefícios:

  • Melhora rápida da dor e do arco de movimento
  • Facilita a resposta aos exercícios e acelera a reabilitação
  • Alternativa minimamente invasiva frente a tratamentos mais agressivos

Como funciona: com anestesia local e técnica estéril, introduzimos uma agulha fina na articulação do ombro, injetamos a solução até atingir uma pressão suficiente para distender a cápsula e liberar aderências internas. O paciente geralmente recebe orientação de mobilidade já nas primeiras 24-48 horas pós-procedimento.

Quem se beneficia: pacientes nas fases dolorosa e rígida, especialmente quando a reabilitação “travou” pelo limite de dor e rigidez.


4) Terapia por ondas de choque (TOC)

A terapia por ondas de choque extracorpóreas aplica pulsos mecânicos de alta energia nos tecidos. Nos casos de capsulite, pode ajudar a modular a dor e melhorar a função.

  • Sessões: geralmente 3 a 6 sessões semanais ou quinzenais, dependendo do protocolo.
  • Vantagens: não invasiva, ambulatorial, costuma ter poucos efeitos adversos (desconforto local transitório).
  • Evidência: estudos mostram benefícios em dor e função em parte dos pacientes, sobretudo quando combinada com fisioterapia. A resposta é individual.

5) Laser de alta intensidade (HILT)

O laser terapêutico de alta intensidade promove efeitos anti-inflamatórios e analgésicos, com melhora do microambiente tecidual.

  • Objetivos: reduzir dor, facilitar o alongamento e acelerar o retorno funcional.
  • Sessões: séries curtas, geralmente 1 a 2 vezes por semana, ajustadas à evolução.
  • Segurança: quando aplicado corretamente, tem perfil de segurança favorável.

6) Campo magnético/pulsado (magnetoterapia)

Dispositivos de campo eletromagnético pulsado podem auxiliar no controle da dor e na modulação inflamatória, como recurso coadjuvante.

  • Indicação: complementar às terapias principais (fisioterapia, bloqueios, hidrodissecção, exercícios).
  • Evidência: variável; em alguns pacientes, oferece ganho adicional no manejo da dor.

7) Outras opções importantes

  • Infiltração intra-articular com corticoide: útil, sobretudo na fase inicial dolorosa, para reduzir inflamação e permitir melhor evolução na fisioterapia.
  • Manipulação sob anestesia: reservada a casos resistentes, quando medidas menos invasivas falharam.
  • Liberação capsular artroscópica: opção cirúrgica em casos refratários, com bons resultados quando bem indicada e seguida de fisioterapia estruturada.

Roteiro prático de tratamento por fases

  • Fase dolorosa (congelamento):
    • Controle da dor como prioridade (analgésicos, bloqueios do ombro, infiltração, HILT, magnetoterapia).
    • Fisioterapia suave, sem forçar.
    • Hidrodissecção capsular pode ser indicada para destravar dor e rigidez iniciais.
  • Fase rígida (congelado):
    • Ênfase na mobilidade: alongamentos progressivos, mobilização capsular, exercícios domiciliares diários.
    • TOC, HILT e campo magnético como adjuvantes.
    • Bloqueios e hidrodissecção podem ser decisivos quando a progressão estaciona.
  • Fase de recuperação (descongelamento):
    • Fortalecimento gradual e reeducação escapular.
    • Retorno progressivo às atividades, prevenindo recaídas.

Tempo de recuperação: varia de pessoa para pessoa. Com estratégia integrada, muitos pacientes observam melhora relevante de 6 a 12 semanas, com progressos contínuos nos meses seguintes.


Cuidados em casa e prevenção de recaídas

  • Mantenha os exercícios domiciliares conforme orientado pelo seu fisioterapeuta.
  • Evite “picos” de esforço quando a dor estiver alta.
  • Cuide do sono; dor noturna precisa ser tratada para não sabotar a recuperação.
  • Controle condições associadas (como diabetes e tireoide), pois influenciam o curso da doença.
  • Após a melhora, continue com uma rotina leve de manutenção da mobilidade e força.

Quando procurar avaliação mais cedo

  • Dor intensa que não melhora com medidas simples
  • Incapacidade de realizar tarefas básicas do dia a dia
  • Rigidez progressiva por semanas
  • Doenças associadas (diabetes, tireoide) ou pós-operatórios do ombro

Uma avaliação especializada permite confirmar o diagnóstico e escolher o melhor combinado de terapias para o seu caso.


Agende sua avaliação

Na Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia, oferecemos uma linha de cuidado completa para capsulite adesiva, com diagnóstico preciso, fisioterapia personalizada e recursos minimamente invasivos, como bloqueios do ombro e hidrodissecção capsular guiados por ultrassom, além de tecnologias como terapia por ondas de choque, laser de alta intensidade e campo magnético.

Agende uma avaliação com um dos profissionais da Northos. Juntos, definiremos o plano de tratamento mais adequado para acelerar sua recuperação e devolver sua mobilidade com segurança.


Autor

Dr. Carlos Eugênio Silva Martins
Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia
Pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia, Clínica da Dor e Intervenção em Dor.


Aviso importante

Este conteúdo é informativo e não substitui uma consulta médica. Cada caso é único; procure avaliação profissional para um diagnóstico e plano de tratamento personalizados.