Ortopedia

Lombalgia mecânica: causas, tratamentos modernos e quando buscar ajuda

Lombalgia

Resumo para pacientes A lombalgia mecânica é a dor na região lombar causada, principalmente, por sobrecarga, postura, esforço físico ou desgaste natural das estruturas da coluna. A boa notícia é que, na maioria dos casos, melhora com medidas bem orientadas, fisioterapia e, quando necessário, terapias tecnológicas como terapia por ondas de choque, laser de alta intensidade e campo magnético. Em casos selecionados, realizamos infiltrações dos músculos eretores da coluna e do ligamento iliolombar para aliviar a dor e acelerar a reabilitação.

O que é lombalgia mecânica

  • É a dor nas costas que piora com movimento, esforço ou postura inadequada e costuma melhorar com repouso relativo e ajuste de atividades.
  • Geralmente envolve estruturas como discos, articulações facetárias, ligamentos, músculos paravertebrais e as interfaces tendíneas (enteses).
  • Não está ligada a doenças sistêmicas ou inflamatórias quando falamos de “mecânica”; é o tipo mais comum de dor lombar no dia a dia.

Causas e fatores de risco mais frequentes

  • Sobrecarga por trabalho físico, longos períodos sentado ou em pé.
  • Falhas de ergonomia no escritório, carro ou casa.
  • Fraqueza do core (abdômen, lombar e glúteos) e encurtamentos musculares.
  • Excesso de peso, sedentarismo, tabagismo.
  • Picos de esforço (ex.: final de semana) sem preparo.
  • Estresse e sono ruim, que aumentam a percepção de dor e atrasam a recuperação.

Sinais de alerta (quando procurar atendimento imediato)

  • Dor após queda/trauma significativo.
  • Dor com febre, perda de peso sem explicação, história de câncer, imunossupressão.
  • Dor que acorda à noite de maneira intensa e persistente.
  • Perda de força em uma perna, alteração para urinar/evacuar, dormência na região do “sela” (anestesia em sela).
  • Dor progressiva e incapacitante sem resposta a medidas iniciais.

Diagnóstico: é clínico na maioria dos casos

  • Entrevista e exame físico direcionam o diagnóstico.
  • Exames de imagem (raio-x, ressonância) são reservados para casos com sinais de alerta, dor persistente por várias semanas ou planejamento de procedimento.
  • O objetivo é identificar a estrutura dolorosa principal e guiar o plano de tratamento.

Tratamento: do básico ao avançado (personalizado)

  1. Medidas iniciais (autocuidado)
  • Mantenha-se ativo: evitar repouso absoluto prolongado. Movimentos leves ajudam a reduzir a dor.
  • Analgesia e anti-inflamatórios: podem ser usados por curto período, quando indicados, sempre com orientação médica.
  • Calor local nos primeiros dias pode aliviar espasmo muscular; gelo pode ser útil após esforço agudo.
  • Ajuste de atividades: reduzir cargas, intervalar tarefas, evitar posturas mantidas por muito tempo.
  • Sono e estresse: dormir melhor e cuidar da saúde mental impacta positivamente a dor lombar.
  1. Fisioterapia e exercícios
  • Fortalecimento do core (abdômen, paravertebrais, glúteos).
  • Mobilidade de quadril e alongamento de isquiotibiais, iliopsoas e cadeia posterior.
  • Estabilização lombar, Pilates clínico e exercícios funcionais progressivos.
  • Terapia manual e liberação miofascial quando indicadas.
  • Plano ativo e progressivo, evitando dependência de passivos isolados.
  1. Tecnologias terapêuticas (casos selecionados) Terapia por ondas de choque (ESWT)
  • Como funciona: ondas acústicas de alta energia geram microestímulos que favorecem analgesia, modulação inflamatória e cicatrização em pontos específicos de dor, entesopatias e pontos-gatilho miofasciais.
  • Indicações na lombalgia: dor miofascial dos paravertebrais (eretores da coluna), entesopatias da crista ilíaca/ligamento iliolombar, sensibilização de tecidos periarticulares. Em alguns casos auxilia em dor facetária e síndromes de sobrecarga.
  • Benefícios esperados: redução da dor e melhora funcional, especialmente quando combinada a exercícios.
  • Sessões: geralmente 3 a 6 sessões (1x/semana), variando conforme a resposta e o protocolo.
  • Efeitos colaterais: desconforto leve transitório, vermelhidão; raramente hematomas. Retorno imediato às atividades usuais, salvo orientação contrária.

Laser de alta intensidade (HILT)

  • Como funciona: feixes de alta potência promovem efeito analgésico e anti-inflamatório profundo, com incremento da microcirculação e biomodulação tecidual.
  • Indicações na lombalgia: dor aguda/subaguda, sobrecargas musculares, entesopatias e quadros crônicos com hiperalgesia.
  • Benefícios esperados: alívio da dor e melhora do movimento nas primeiras sessões, como coadjuvante à fisioterapia.
  • Sessões: tipicamente 6 a 10; duração curta por aplicação.
  • Segurança: não invasivo. Contraindicações relativas incluem aplicação sobre áreas com neoplasia ativa, gestação sobre o abdome/lombar, uso em placas de crescimento em crianças e uso direto sobre olhos (proteção obrigatória).

Campo magnético pulsado (PEMF)

  • Como funciona: campos eletromagnéticos pulsáteis podem modular dor e processo inflamatório e favorecer reparo tecidual.
  • Indicações: dor lombar mecânica com sensibilização muscular/ligamentar, tendinopatias perifaciais; útil como parte de um plano multimodal.
  • Benefícios esperados: redução de dor e melhor tolerância ao exercício em alguns pacientes.
  • Sessões: protocolos variam, com aplicações seriadas semanais.
  • Segurança: método não invasivo, geralmente bem tolerado. Avaliação prévia é essencial para checar contraindicações específicas.
  1. Procedimentos intervencionistas (quando indicados) Infiltração dos eretores da coluna e do ligamento iliolombar
  • O que é: aplicação direcionada de medicações no ponto de dor dos músculos paravertebrais (eretores) e/ou na inserção do ligamento iliolombar.
  • Como é feita: preferencialmente guiada por ultrassom ou radioscopia para precisão e segurança. Usamos anestésicos locais e, em casos selecionados, corticoide, conforme a indicação clínica.
  • Para quem serve: pacientes com dor bem localizada nesses tecidos, que não responderam adequadamente às medidas conservadoras e aos recursos terapêuticos.
  • Objetivos: reduzir dor, controlar inflamação local e permitir avanço no programa de reabilitação ativa.
  • Riscos e cuidados: reação local, dor transitória, raramente sangramento/infecção. Realizada em ambiente apropriado e por médico habilitado.
  1. Cirurgia: raramente necessária
  • Indicada quando há déficit neurológico, compressão nervosa importante ou dor refratária com causa estrutural definida. A grande maioria dos casos de lombalgia mecânica melhora sem cirurgia.

Prevenção e hábitos que protegem sua lombar

  • Ergonomia: ajuste de cadeira e mesa, tela na altura dos olhos, apoios para lombar e pés. Faça pausas a cada 45-60 minutos.
  • Movimento diário: 150 minutos/semana de atividade física moderada (caminhada vigorosa, bicicleta, natação) e 2 dias de fortalecimento.
  • Técnica para levantar peso: aproximar a carga do corpo, dobrar joelhos, ativar o core.
  • Peso e sono: controle do peso corporal e higiene do sono reduzem crises.
  • Evitar tabagismo: o cigarro piora a saúde dos discos e a dor.

Perguntas frequentes (FAQ)

  • Em quanto tempo a lombalgia mecânica costuma melhorar? Muitos pacientes melhoram em 2 a 6 semanas com plano adequado. Casos crônicos exigem abordagem progressiva e consistente.
  • Posso treinar mesmo com dor? Sim, com ajustes. Evite movimentos que disparem a dor e foque em exercícios guiados. A manutenção da atividade, dentro do limite seguro, acelera a recuperação.
  • Calor ou gelo? Nos primeiros dias de dor aguda após esforço, gelo pode ajudar. Para tensão muscular e rigidez, calor costuma aliviar. Use 15-20 minutos, 2-3x/dia.
  • Terapia por ondas de choque dói? Pode causar desconforto momentâneo, geralmente bem tolerado. A duração é curta e a maioria retorna às atividades logo após.
  • O laser de alta intensidade substitui remédio? É um coadjuvante. Pode reduzir a necessidade de medicação, mas a decisão é individual e envolve o plano global de reabilitação.
  • O campo magnético tem contraindicações? Em geral é seguro, mas a indicação é individual. A avaliação médica verifica se é apropriado para o seu caso.

Como decidimos o melhor tratamento

  • Avaliação clínica detalhada para identificar o gerador de dor.
  • Definição de metas: reduzir dor, recuperar função, prevenir recidivas.
  • Plano escalonado e personalizado: educação + exercício + tecnologias quando necessário; procedimentos em casos específicos.
  • Reavaliações periódicas para ajustar a estratégia.

Mensagem importante sobre segurança Este conteúdo é informativo e não substitui uma consulta presencial. Cada pessoa é única. Uma avaliação profissional é essencial para confirmar o diagnóstico e indicar o tratamento mais adequado.

Autor e clínica Autor: Dr. Carlos Eugênio Silva Martins

Clínica: Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia

Formação: Pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia, Clínica da Dor e Intervenção em Dor.