Aviso importante: Este conteúdo é educativo e não substitui uma consulta médica presencial. Para diagnóstico e tratamento adequados, agende uma avaliação com um profissional qualificado.
A síndrome do túnel do carpo é uma causa muito comum de formigamento, dor e fraqueza nas mãos, especialmente em quem trabalha no computador, usa ferramentas vibratórias ou realiza movimentos repetitivos. A boa notícia é que, na maioria dos casos, existem alternativas eficazes e seguras — desde adaptações simples no dia a dia até procedimentos minimamente invasivos e, quando necessário, cirurgia. Neste artigo, explico em linguagem clara as principais opções, incluindo Laser de Alta Intensidade, Terapia por Campo Magnético e Hidrodissecção do nervo mediano.
— Autor: Dr. Carlos Eugênio Silva Martins — Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia
— Pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia, Clínica da Dor e Intervenção em Dor
O que é a síndrome do túnel do carpo?
O túnel do carpo é um canal estreito no punho por onde passa o nervo mediano, responsável pela sensibilidade e parte da força do polegar, indicador, médio e metade do anelar. Quando esse nervo é comprimido, surgem sintomas como dormência, formigamento e dor — especialmente à noite.
Causas e fatores de risco
- Movimentos repetitivos do punho e dedos (digitação, montagem, corte, limpeza).
- Posturas inadequadas e ergonomia ruim no trabalho.
- Uso prolongado de ferramentas vibratórias.
- Gravidez, hipotireoidismo, diabetes, artrite reumatoide, obesidade.
- Anatomia do punho mais estreita em algumas pessoas.
- Retenção de líquidos e processos inflamatórios locais.
Principais sintomas
- Formigamento e dormência em polegar, indicador, médio e metade do anelar.
- Dor no punho que pode irradiar para o antebraço, pior à noite ou ao dirigir/segurar celular.
- Fraqueza e queda de objetos (dificuldade de pinça e oposição do polegar).
- Alívio temporário ao “sacudir” a mão.
Como é feito o diagnóstico?
- Avaliação clínica com testes específicos (Phalen, Tinel, compressão do carpo).
- Exames de imagem quando necessários: ultrassom do túnel do carpo (avalia espessamento, tenossinovite, variações anatômicas) e, em alguns casos, ressonância.
- Eletroneuromiografia (ENMG): mede a condução do nervo e ajuda a definir gravidade, útil para planejar o tratamento.
Tratamentos: do conservador ao cirúrgico
A escolha do tratamento depende da intensidade e duração dos sintomas, achados no exame físico e resultados de exames complementares. Na Northos, personalizamos o plano de cuidado para seu perfil funcional e seus objetivos.
1) Medidas conservadoras (primeira linha)
- Repouso relativo e ajustes de atividade: reduzir movimentos repetitivos e pausas programadas.
- Ergonomia: altura correta da cadeira e teclado, apoio de punho, posicionamento do mouse, rotação de tarefas.
- Órtese noturna para punho: mantém o punho em posição neutra e costuma reduzir o formigamento noturno.
- Medicações: analgésicos e anti-inflamatórios por curto período, quando indicados.
- Fisioterapia:
- Mobilização e neurodinâmica do nervo mediano (exercícios de “deslizamento” neural).
- Alongamentos de flexores do antebraço e fortalecimento progressivo do punho.
- Treino de controle de postura e educação em dor.
2) Terapias físicas avançadas
- Laser de Alta Intensidade (HILT): aplicação de laser terapêutico de alta potência para modulação inflamatória e analgesia. Pode reduzir dor e formigamento e melhorar a função no curto a médio prazo. É não invasivo, rápido e, quando bem indicado, seguro.
- Terapia por Campo Magnético (PEMF): campos eletromagnéticos pulsáteis para analgesia e modulação tecidual. Estudos sugerem melhora de dor e função em parte dos pacientes, especialmente como tratamento complementar. É indolor e não invasivo.
Observação: A resposta é individual. Essas terapias costumam ser combinadas com órtese, ergonomia e exercícios para melhores resultados.
3) Infiltração e procedimentos minimamente invasivos
- Infiltração com corticosteroide: pode oferecer alívio relevante por semanas a meses, especialmente em casos leves a moderados. Deve ser feita com técnica adequada (preferencialmente guiada por ultrassom) para aumentar segurança e precisão.
- Hidrodissecção do nervo mediano (guiada por ultrassom):
- O que é: injeção de solução líquida ao redor do nervo mediano para “soltar” aderências, separar o nervo dos tecidos vizinhos e reduzir a pressão no túnel do carpo.
- Como é feita: guiada por ultrassom, com visualização direta do nervo; usa-se solução como soro fisiológico, às vezes associada a dextrose, anestésico local e, em casos selecionados, pequenas doses de corticoide ou ácido hialurônico, conforme avaliação médica.
- Benefícios: pode diminuir dor e formigamento e melhorar a função, com baixo tempo de recuperação. Pode exigir 1 a 3 sessões, conforme o caso.
- Segurança: procedimento minimamente invasivo, com baixa taxa de complicações quando executado por profissional experiente e com imagem.
- Para quem é indicado: pacientes com sintomas persistentes que não responderam ao tratamento conservador, especialmente quando há sinais de “aprisionamento” do nervo por tecidos espessados.
4) Outras abordagens de suporte
- Terapia ocupacional com foco em adaptação de tarefas e uso de órteses no trabalho.
- Ultrassom terapêutico, compressas, eletroterapia e técnicas manuais como coadjuvantes.
- Controle de condições associadas: diabetes, doenças da tireoide, retenção hídrica e otimização do sono.
5) Cirurgia (liberação do túnel do carpo)
- Quando indicar: sintomas moderados a graves com falha do tratamento conservador/procedimental, atrofia tenar, perda de força significativa, ENMG com alteração importante.
- Técnicas:
- Aberta (mini-incisão) ou endoscópica (mínimas incisões). Ambas têm bons resultados; a escolha depende do caso e da experiência do cirurgião.
- Recuperação: curativo simples, mobilização precoce dos dedos, retorno gradual às atividades. A melhora do formigamento pode ser imediata ou progressiva.
- Possíveis riscos: infecção, dor pilar (dor nas bases do punho e palma), rigidez, cicatriz sensível, lesão de ramos nervosos (raro).
- Resultados: altas taxas de satisfação quando bem indicado; reabilitação adequada acelera o retorno às atividades.
O que costuma funcionar melhor na prática?
- Casos leves e recentes: órtese noturna + ergonomia + fisioterapia (com neurodinâmica) + Laser de Alta Intensidade têm boa chance de controle dos sintomas.
- Casos persistentes: infiltração guiada por ultrassom e, especialmente, hidrodissecção do nervo mediano podem oferecer alívio significativo, mantendo baixo tempo de afastamento. Campo Magnético é um adjuvante possível para analgesia.
- Casos graves ou com atrofia: avaliação precoce para cirurgia pode evitar dano permanente do nervo.
Cada tratamento deve ser individualizado após exame clínico e, se necessário, exames complementares.
Quando devo procurar atendimento?
- Dor e formigamento que acordam à noite com frequência.
- Perda de força ou queda de objetos.
- Sintomas há mais de 4 a 6 semanas, sem melhora.
- Piora progressiva, atrofia na base do polegar ou alteração importante na ENMG.
- Gestantes com dor significativa e limitação funcional.
Perguntas frequentes (FAQ)
- Como saber se é túnel do carpo?
Os sintomas típicos incluem formigamento no polegar, indicador e médio, pior à noite, e alívio ao “sacudir” a mão. Testes clínicos e, se necessário, ENMG e ultrassom confirmam o diagnóstico. - Laser de Alta Intensidade substitui a cirurgia?
Não. O laser pode reduzir dor e inflamação e ajudar na função, principalmente em casos leves a moderados, mas não substitui a cirurgia quando há compressão grave ou falha de outras terapias. - O Campo Magnético cura a síndrome?
Não falamos em “cura” para terapias físicas. O Campo Magnético pode ser útil para alívio de dor e melhora funcional como parte de um plano multimodal. - A Hidrodissecção dói?
Geralmente bem tolerada. Usa-se anestésico local e ultrassom para guiar a agulha com precisão. Pode haver desconforto leve e temporário após o procedimento. - Infiltração com corticoide e hidrodissecção são a mesma coisa?
Não. A infiltração foca no efeito anti-inflamatório do corticoide. A hidrodissecção busca mecanicamente separar o nervo dos tecidos aderidos, podendo usar soluções variadas (soro, dextrose, anestésico e, em casos selecionados, corticoide ou ácido hialurônico). - Exercícios ajudam mesmo?
Sim, especialmente a neurodinâmica do nervo mediano, alongamentos e fortalecimento progressivo, associados a ajustes de ergonomia e uso de órtese noturna. - E na gravidez?
Os sintomas costumam melhorar após o parto. Tratamentos conservadores são prioridade nesse período. Procedimentos são reservados a casos selecionados e sempre com avaliação individualizada. - Quanto tempo leva para melhorar?
Casos leves podem melhorar em 2 a 6 semanas com manejo adequado. Procedimentos podem acelerar o alívio. Em casos graves, a cirurgia oferece melhora consistente, mas a recuperação varia conforme o dano prévio do nervo.
A forma mais segura e eficaz de tratar a síndrome do túnel do carpo é com um plano personalizado. Agende uma avaliação com um dos profissionais da Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia. Nossa equipe está preparada para diagnosticar com precisão e orientar o melhor tratamento para o seu caso — do conservador às terapias minimamente invasivas e, quando necessário, à cirurgia.
— Autor: Dr. Carlos Eugênio Silva Martins
— Northos – Núcleo Avançado de Ortopedia
— Pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia, Clínica da Dor e Intervenção em Dor







